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Foto do escritorCuritiba Suburbana

Nacionalismo e economistas vulgares

Por Elias Jabbour



Matéria no Valor Econômico de hoje intitulada "Por que o nacionalismo é a marca das próximas décadas" busca demonstrar, a partir de falas de economistas do nível da Monica de Bolle que o mundo está entrando em uma "nova fase", marcada pelo retrocesso ao "nacionalismo econômico" que ficou adormecido nas últimas décadas diante da força da "globalização" e da "liberdade de comércio". Não existe nenhuma evidência empírica que demonstre que o comércio internacional tenha sido mais "livre" nas últimas décadas, nem tampouco o peso dos Estados Nacionais tenham diminuido. Ao contrário, a intensidade com que os Estados Nacionais foram convocados por suas empresas para auxiliarem em gigantescos processos de fusões e aquisições ainda na década de 1990 foi muito maior do que os verificados em decênios anteriores. Qualquer pesquisa de iniciação científica é suficiente para demonstrar com dados que o que chamam de "globalização" e "livre comércio" não se sustentam enquanto fatos. Do ponto de vista geopolítico, a "globalização" e o "livre comércio" ocorreu às custas do mesmo artíficio que a Marinha Real inglesa utilizou sua força para liberar o tráfico de drogas em países indóceis. Somente para ficar com um pequeno pedaço da história, durante a era Clinton, os Estados Unidos se envolveram em 48 intervenções militares, muito mais do que em toda a Guerra Fria, período em que ocorreram 16 operações militares. Qual a razão então para a briga com a realidade e os fatos? Certamente pelos mesmos motivos que levou Marx a nomear como "vulgares" os economistas liberais de sua época que substituiram os economistas liberais clássicos. Conforme Marx, "foi o dobrar de sinos da economia científica burguesa". Brigam com a verdade por uma pura questão de interesse de classe. A verdade, conforme os neoclássicos, está na "utilidade". Nada tão verdadeiro. Os economistas vulgares de nossos tempos lutam contra a decadência econômica ocidental com todas as suas forças. Suas formulas não deram certo em lugar nenhum do mundo e seus países-sede são verdadeiras máquinas de subsídios estatais. Lugares de excelência onde uma simples vaca leiteira é tão subisidiada quanto uma empresa estatal em uma alguma economia socialista decadente na metade da década de 1970. O inimigo não é Trump e suas taxas e sobretaxas. O inimigo é a China. A prova irrefutável de que o pensamento neoclássico não passa de uma retórica à serviço dos rentiers um dia denunciados por David Ricardo.




Elias Jabbour. Dr° em Geografia pela USP




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