Por Diogo Fontenelle
Diogo Fontenelle, para os amigos de visão-além Romeu Duarte, Delberg Ponce de Leon, Campelo Costa e Julio Barros.
Além do fato das praças do dito centro histórico de Fortaleza haverem passado por muitas reformas... Basta lembrar que a Praça do Ferreira guarda, nessa versão atual, cinco outras praças fantasmas a murmurar que foram demolidas em nome de reformas inconsequêntes.
A atual versão da Praça do Ferreira veio lembrar os quatros Cafés da primeira versão, veio lembrar a Coluna da Hora do meu tempo de menino... não teria sido mais digno a preservação? Seguindo a rota do meu viver... Nasci e me criei na avenida, Bezerra de Menezes florida de jardins com chácaras e casarios..., uma Avenida Paulista da Era do Café, em versão provinciana cearense.
Hoje a Bezerra de Menezes está completamente comercial, bancária, lotada de espigões... Lembro que quando menino-adolescente eu saía da Bezerra de Menezes para a Beira Mar - ironicamente onde moro hoje! -, e a Orla Marítima-Aldeota já era engarrafada de carros, mas a Bezerra de Menezes, muito larga, não era engarrafada, era tranquila! Quem diria que eu veria hoje a Bezerra de Menezes engarrafada? Estou vendo, tristeza só! Bem, agora adentro às escolas onde estudei, por incrível que pareça TODAS FORAM DEMOLIDAS... não sou tão antigo assim, tenho apenas seis décadas e poucos anos.
Fiz o curso primário no Ginásio Agapito dos Santos, o qual está descaracterizado, em seguida estudei no colégio Júlia Jorge no São Gerardo onde morei quase todo meu viver, eis que o Júlia Jorge foi demolido em nome de um grande condomínio residencial, na sequencia estudei no colégio São João da Santos Dumont, o qual foi demolido em nome de um supermercado.
No ensino superior, estudei na Odontologia-UFC, prédio histórico da Praça José de Alencar que foi todo reformado, sobrando apenas a fachada histórica. Também, estudei inglês por longos anos no UBEU-Ceará da Solon Pinheiro no Centro, o qual foi demolido para ser um estacionamento de carros. Lembre-se que a sede do IBEU-Ce era casario histórico com porões e longa história familiar tradicional cearense, era casario de um barão. Pois bem, posso afirmar na minha história de vida que em Fortaleza: Tudo FOI e É Demolição!
Para fechar com chave de ouro - ou de cinzas? - esse desabafo-alerta, deixei a modernosa Bezerra de Menezes de doces azuis sonhares e vim morar, há oito anos, na avenida Beira Mar que passa por uma looonga reforma... que estará completamente descaracterizada em nome do turismo inconsequente que não considera Fortaleza como cidade histórica e por isso pode ser demolida constantemente ao sabor efêmero dos modismos vigentes em Chicago talvez, que é o fantástico Tio Sam sempre revisitado à luz do universo tecnológico midiático. Onde ficou a minha geração de artistas e pensadores, formadores de opinião? Onde fica a Poesia na história de Fortaleza?
Diogo Fontenelle, um ex-menino aprendiz de poeta, do começo dos anos sessenta, de uma Fortaleza finada feito fantasma.
Sobre o Autor
Cirurgião-dentista, pela Universidade Federal do Ceará – UFC - Especialista em Educação e em Saúde Pública, pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR - Mestre em Saúde Pública, pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR - Doutor em Sociologia, pela Universidade Federal do Ceará – UFC
Obras publicadas:
Reticências. Enquanto o céu não cair. Aquário do Sonho/Sudário da Infância. Baila Balão (Livro Poesia Infantil). Nação Cariry. O Camelô das Ruas. Incensório do Anoitecer. Marrocos Menino (Marcadores de Livro). Madrigal de Revisitação à Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção (Papel de carta). Bumba-meu-boi (Leques-poemas) Carta de Amor, Carta de Dor (Papel de carta). Roteiro do Encanto. Lapidário do Lápis. O Exercício da Odontologia pelo Ser Feminino: Estresse no Cotidiano (Dissertação de Mestrado UNIFOR). Sorrisos de Jovens nas Periferias da Vida: O que revelam e Ocultam de suas Experiências e Trajetórias (Livro, Tese de Doutorado)Miragens (Poesia) Prêmio Osmundo Pontes de Literatura. Encantares (Poesia). Miudezas do azul (Poesia). IMPRECE, Fortaleza, 2017 18- Lampejos (Poesia).
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