Por Manoel Neto
Alvim, Goebbels, Ray Bradbury, e o risco contra a democracia, evidenciada no ataque a arte, cultura e a comunicação na Novela Bom Sucesso da Globo.
Na novela da Globo "Bom Sucesso", capitulo de 17 de janeiro de 2020, o personagem Alberto, editor vivido por Antonio Fagundes cita queima de livros na obra Fahrenheit 451 (1953) de Ray Bradbury, que é uma obra com clara referência literária a queima de livros promovida pelo regime nazista.
Essa queima de livros, perseguição a intelectuais, artistas e escritores, ocorreu apenas dois dias depois que Goebbels fez o discurso para diretores de teatro na Alemanha em 08 de Maio de 1933. Um dos piores momentos da história da humanidade.
No dia 16 de janeiro de 2020 Roberto Alvim ex-secretário de Cultura de Bolsonaro, ao anunciar o prêmio de Arte da Secretaria Especial da Cultura, reproduziu o mesmo discurso de Goebbels, com pequenas alterações de redação, mas mantendo na essência todo o conteúdo nazista.
Além disso, a música de Wagner citada ao fundo, é o tema de "Lohengrin" que é referenciado em Mein Kampf, por Hitler como obra que inspirou ele na fundação do nazismo. Logo a intenção, a encenação, o cenário do vídeo e o programa de política cultural apresentados, são todos parte de uma apologia nazista.
O programa da Secretaria Especial de Cultura, pretende premiar projetos através de editais de cultura para rever a história do Brasil, especialmente combatendo a ideologia comunista, maior mal segundo os nazistas alemães. Mostra aqui, uma afinidade entre governo Bolsonaro, suas intenções e a ideologia de Hitler..
O edital visando arte conservadora, reflete a mesma política praticada pelos nazistas ao combater o que Hitler e Goebbels chamavam de arte degenerada. Propondo o combate ao comunismo, através de 20 milhões de reais que serão dados "Em suas sete categorias, o Prêmio irá selecionar cinco óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos de literatura, 25 discos musicais originais e 15 propostas de histórias em quadrinhos".
Na novela, o vilão Diogo (Armando Babaioff), ameaça funcionários da editora e bota fogo na biblioteca... Alvim, se inspira em Goebbels, ao dar referência ao discurso que inspirou queima de livros na Alemanha nazista, um crime histórico contra a humanidade.
Alvim queima o Brasil que foi citado em todo mundo com enorme repúdio internacional, e é exonerado, enquanto Diogo na novela queima os livros horas depois da exoneração na vida real, no mesmo dia 17 de janeiro de 2020.
Enquanto na vida real o Brasil queimava como na fogueira nazista, Alberto personagem de Antônio Fagundes em seu escritório lia obra Fahrenheit 451, dizendo que a queima de livros não pode se repetir, enquanto do lado de fora, Diogo bota fogo na editora.
Com apenas poucas horas de diferença, a novela da Globo, cita obra literária de 1953 que se inspirou ao denunciar o crime original de 1933 ocorrido na Alemanha nazista por orientação de Goebbels.
Nos telejornais, na internet e redes sociais, todos estão olhando para o absurdo que ocorria, comentando o vídeo, sem notar a ameaça de retorno de queima de livros na vida real.
Não passa despercebido, que no anuncio do programa de artes da Secretaria Especial de Cultura, com edital de influência nazista, claramente ideológico, ocorreu durante live de Bolsonaro horas antes do vídeo de Alvim, onde estão presentes além do dois, também o ministro da educação Abraham Weintraub.
Em uma evidente não coincidência, dois dias antes Weintraub, determinou ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão do MEC (Ministério da Educação) que fosse criada comissão para analisar se existe ideologia comunista ou de gênero, no uso de 2,9 milhões de livros didáticos de uma reserva técnica do ministério, para que sejam possivelmente descartados.
Observamos aqui, não apenas sincronicidades, mas reproduções, com a queima de livro de 1933, a queima de livros de 1953 e a ameaça de queima de livros de 2020.
Não basta exonerar Alvim, mas será necessário exonerar Abraham Weintraub, bem como impedir a queima de livros no MEC, e ainda revogar o programa de arte da Secretaria Especial de Cultura.
Nada é coincidência, é evidente que este governo está estudando a história nazista e copiando os passos rumo a um governo autoritário. Bolsonaro, não pode mais dizer combater regimes autoritários. Pois é evidente a inspiração dos atos de diversos de seus ministros em atos de figuras como Pinochet e Hitler.
Manoel Neto.
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