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Foto do escritorCuritiba Suburbana

Um livro que traduz a questão Palestina e nos leva a refletir sobre a luta do seu povo

Autor: Lejeune Mirhan


PALESTINA história, sionismo e suas perspectivas

Apresentação


De todos os meus dez livros anteriormente publicados, seis eu tratei sobre o tema da Palestina. Não há talvez hoje no mundo nenhuma causa tão importante e tão justa quanto a desse milenar e sofrido povo em busca do retorno às suas terras de origem. Não conheço outro povo tão antigo que tenha raízes tão profundas com uma mesma localidade do que os palestinos, descendentes dos filisteus de tempos imemoriais. E digo mais: não conheço povo algum que não só tenha permanecido em sua própria terra natal que tenha conseguido manter intacta a sua cultura ancestral, apesar de suas terras terem sido invadidas e ocupadas por diversos impérios nos últimos três mil anos.

Minhas ligações com a causa e a cultura palestina são de berço. Não sou só árabe de origem. Meus ancestrais – que descendem dos antigos arameus que falavam aramaico – parte deles foi para a Jordânia e outra parte para Jerusalém. Tenho primos e tios que nasceram na cidade santa (para metade da população da terra). Mas, a ligação com os palestinos vem de outro momento.

Todos nós, internacionalistas, participamos ativamente da solidariedade aos povos em luta em todo o mundo. Desde a minha juventude, sempre tive essa marca em minha vida de militante. Mas, no caso dos palestinos houve um caso muito particular que despertou em mim essa proximidade maior com a causa. Era o longínquo 18 de setembro de 1982. Milícias falangistas de extrema direita, apoiadas pelo fascista general Ariel Sharon, de triste memória, ocupava com seu exército, o Líbano e Beirute, a sua capital. Ele dera sinal verde para que esses falangistas “cristãos” (de cristãos nada tinham) para perpetrar o maior massacre na história desse povo. As milícias ingressaram nos acampamentos de refugiados em Beirute, denominados Sabra e Shatila e mataram, a sangue frio, quase quatro mil palestinos, em sua maioria mulheres, jovens, crianças e idosos.

Organizamos imediatamente, em Campinas e São Paulo, os primeiros Comitês de Solidariedade ao Povo Palestino (no caso de SP ele teve altos e baixos muitas vezes... abriu e fechou outras tantas). Isso sem falar de um grande amigo e colega sociólogo, Ali El Khatib, que, nesse ano, era uma espécie de adido cultural do escritório de representação diplomática da OLP no Brasil (não era ainda embaixada). Realizamos diversas atividade em conjunto, em especial a criação da Federação Nacional da Juventude Palestina do Brasil – Sanaud, da qual fiz parte da primeira diretoria, junto com Fátima Ali Sawala e Emir Mourad, meus também camaradas de quase 40 anos.

Seguido a esse episódio do massacre, que selou meu destino com este povo, houve diversos outros grandes eventos. Fiz um curso de imersão total no Escritório em Brasília em 1984. Eram aulas de manhã, à tarde e à noite. Foram mais de duas semanas. Recebemos professores de vários países, visitamos embaixadas árabes na capital federal. Depois disso houve o Congresso que fundou a COPLAC em SP na ALESP nesse mesmo ano. Houve o congresso que fundou a Federação Sanaud em 1985 na UNIMEP. Depois um curso intensivo também nessa mesma universidade, com apoio do saudoso reitor militante Dr. Elias Boaventura. Houve a fundação da FEPAL, entidade representativa do povo no país. Houve muitas participações em Fóruns Sociais Mundiais em Porto Alegre. Por fim, houve minhas três viagens à Palestina ocupada.

O projeto original deste livro seria mais extenso e histórico do que este que aqui resultou finalmente. Quero apresentar-lhes, de forma resumida, o livro que vocês lerão a seguir. Falar de sua estrutura e conteúdo e do ineditismo de muito do que aqui verão publicado. Apenas para finalizar esta primeira parte da introdução, registro que vocês jamais lerão aqui nestas centenas de páginas qualquer crítica a qualquer correntes interna da OLP, seja a majoritária, que é o Fatah ou a todas as outras minoritárias (como a FDLP, FPLP, PPP, PCP e tantas outras). Isso porque é da nossa concepção de solidariedade a não interferência nos assuntos internos de todos os partidos e organizações que lideram lutas de resistência de um povo em sofrimento e em ocupação. Defendemos a autonomia e autodeterminação das organizações políticas e revolucionárias em todos os países.

O conteúdo do livro

Este meu livro inteiramente dedicada à Palestina tem uma parte introdutória onde procuro situar a história dessa que deve ser a região mais visitada, disputada e que em mais de três mil anos foi invadida por cerca de dez impérios e potências mundiais em suas respectivas épocas históricas. Faço esse histórico sempre relacionado com as origens do sionismo moderno, em especial, suas raízes mais ancestrais, desmentindo as falácias que eles propagam aos quatro ventos.

Após essa introdução, eu publico um pequeno trabalho que elaborei há alguns anos, sobre como a mídia internacional (e, claro, a nossa nacional também) se comporta em termos editoriais com relação à causa palestina, à luta dos palestinos na sua resistência à ocupação. Mostro como os palestinos são apresentados nas reportagens, nas TVs, nas entrevistas com os “especialistas”.

Após isso, eu escrevi um capítulo inteiramente dedicado aos acordos de paz de Oslo, na Noruega, de setembro de 1993, assinados por Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, que viria a ser assassinado dois anos depois por um fanático judeu fundamentalista. Arafat e Rabin receberam o Nobel da Paz no ano seguinte por essa atitude. Como disse certa vez o próprio Arafat, a paz deve ser feita por bravos e entre adversários e não entre amigos. Tal capítulo tem uma imensidão de detalhes dos acordos, personagens e farta bibliografia de que consultei à época.

O livro registra a história do Comitê de Campanha pela Criação do Estado da Palestina, ou popularmente Comitê pelo Estado da Palestina – CEP. Fundado em 2011 para apoiar a campanha junto à ONU que os palestinos haviam deflagrado – vitória essa que só viria em 2012 – o CEP foi a experiência mais longeva de solidariedade aos palestinos que tenho notícias desde a fundação do primeiro Comitê em 1982 por ocasião do massacre de Sabra e Shatila. Lamento, inclusive, que ele tenha se dissolvido no final de 2014. Em seguida publico a memória da nossa segunda missão de solidariedade à Palestina com 22 pessoas, bastante detalhada, para que se veja com clareza a dimensão de viagens e missões dessa natureza. Quiçá mais e mais pudessem ocorrer. Muito me honrou ter sido o chefe dessa missão.

Encerro esta primeira parte do livro com um conjunto de 75 artigos de minha autoria, escritos entre os anos de 2002 e 2007 e faço uma breve apresentação de todos eles. É o retrato fiel de um período histórico definido. É como se tirássemos uma fotografia desse período da histórica. Uma cronologia de uma ocupação. Esse foi o período que Israel era governado por Ariel Sharon, o sanguinário que autorizou o massacre de Sabra e Shatila em 1982. Mostra o período que ele unilateralmente desmantela sete assentamentos judaicos na faixa de Gaza, sem discutir com os palestinos. Mostro a sua sucessão para o atual e capengante primeiro Ministro Benjamin Netanyahú.

Os artigos mostram de forma clara como age Israel e o que faz com os palestinos. Chamamos isso de genocídio de um povo. Parece que tudo o que os judeus sofreram nas mãos do nazismo, agora se repetem contra os palestinos como povo de uma Nação ocupada. Mostro o famigerado muro da Vergonha que eles tentam terminar a construção até os dias atuais, à revelia de decisões de todos os tribunais internacionais que já determinaram que deve ser interrompida. Mas, Israel jamais cumpre uma resolução internacional que seja contra ela.

Nesse retrato fiel de cinco anos de história, eu registro o período da morte dolorosa de Yasser Arafat e o processo de transição para Abu Mazen – Mahmoud Abbas, que assume como Primeiro Ministro e depois como presidente da Autoridade Nacional Palestina. Registro as mortes do grande intelectual mundialmente conhecido como Edward Said, assim como do líder do Hamas, sheik Ahmad Yassim, em mais um dos assassinatos seletivos que Israel pratica diuturnamente contra lideranças palestinas. Comento a Intifada. Por fim, como amenidades e para registro histórico comento os congresso dos palestinos no Brasil e a Conferência antirracista do governo federal, conhecida pela sigla de CONAPIR, da qual participei como delegado da comunidade. Há uma matéria sobre o filme de Spielberg intitulado Munique, que retrata, sob a visão israelense, ainda que crítica, o odioso massacre das olímpiadas de Munique.

Ao final do livro, publico um conjunto de seis anexos importantes, para ampliar o conhecimentos dos e das leitoras sobre o tema da Palestina. É a segunda parte do livro.

O primeiro e o segundo anexo tratam do documento de fundação do Estado de Israel, proclamado em 15 de maio de 1948 e em seguida, a proclamação do Estado da Palestina, decidida pelo Conselho Nacional Palestino em 15 de novembro de 1988 na cidade de Argel, Argélia.

O terceiro anexo, também para efeitos de conhecimento da maioria das pessoas, que as desconhece pelo bloqueio da grande mídia, eu publico as principais resoluções adotadas pela ONU sobre o conflito palestino-israelense.

O quarto e bastante extenso, eu publico a cronologia detalhadas da história da Palestina, sendo que ela é concluída em 2012 quando a Assembleia Geral da ONU, no emblemático dia 29 de novembro, decide admitir a Palestina como Estado observador, semelhante ao status que possui há muitos anos o Vaticano.

O quinto anexo, que constitui um capítulo importante e também bastante extenso, é onde apresento uma bibliografia recomendada de apoio que reuni nestes quase 40 anos que estudo o tema. Alguns livros são mais atuais e outros mais antigos, mas todos fundamentais e imprescindíveis para quem quer se aprofundar sobre a temática.

Tenho convicção que este livro poderá contribuir para a luta e para a causa palestina. Para os debates que possam ocorrer entre militantes e apoiadores da sua luta. É a minha modesta – mas não última – contribuição pessoal, na forma de escritos, a esse mais antigo e milenar povo e sua brava luta em defesa dos seus direitos inalienáveis.



Lejeune Mirhan é professor, escritor e sociólogo. Para saber mais sobre ele e/ou adquirir seus livros, entre em contato através do perfil: https://www.facebook.com/lejeune.mirhan


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