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Foto do escritorCuritiba Suburbana

Sapiência

Por: Wilson Ramos Filho (Xixo)




Os eleitores de esquerda não são trouxas. Estão vendo as movimentações eleitoreiras, das burocracias partidárias e da pequena-burguesia sem militância orgânica nos partidos, com desconfiança. Agora até a Globo tenta induzí-los para o antipetismo falando em frente de esquerda em São Paulo e Rio, obviamente sem o protagonismo do PT. A esquerda lúcida tudo acompanha, ressabiada. Sabe que, com a decepcionante exceção de Curitiba, em todas as cidades com mais de 200 mil eleitores a esquerda pode levar um candidato ao segundo turno. Falta um mês para as eleições. Cada partido político tenta viabilizar suas candidaturas majoritárias visando inclusive a eleição do maior número possível de vereadores. Legitimamente. Dentro de duas ou três semanas o eleitorado de esquerda, apesar das burocracias partidárias e das iluminadas celebridades, fará sua escolha racional. Analisará o quadro político, verificará as reais possibilidades de cada candidato a prefeito em sua cidade e decidirá quem pretende ver disputando o segundo turno contra os adversários de direita. Naqueles que se açodam para exigir retirada de candidaturas é evidente a diferença de empenho. Querem que todos as retirem em favor de Boulos em SP, mas não defendem com o mesmo entusiasmo a retirada das demais candidaturas em favor de Benedita no Rio. Se bobear defenderão que Benedita retire em favor da Delegada Marta Rocha, do PDT. Tudo isso deixa os eleitores de esquerda desconfiados. É possível que as tendências atuais prevaleçam e Boulos e Benedita confirmem seus favoritismos eleitorais. Caso isso aconteça, independentemente do que desejaríamos ou não, o eleitorado petista migrará para Boulos em São Paulo e o psolista turbinará Benedita no Rio. Os eleitores de esquerda não são bobos.

Mas também é possível que a candidatura da Renata do Psol cresça no Rio e se mostre a mais viável. Ou que a de Boulos perca força na pauliceia, com o crescimento da candidatura petista. É cedo para sabermos. As direções partidárias estão atentas à conjuntura instável e volátil. Nas próximas semanas haverão de bem interpretar o quadro eleitoral e decidirão racionalmente. É bastante provável que não optem pela teimosia ranheta, inclusive por questões de sobrevivência política. Seja como for, a escolha será dos eleitores de esquerda, daqueles que não se sentem obrigados à fidelidade partidária. As migrações na intenção de voto ocorrerão, queiramos ou não, em favor de quem estiver melhor posicionado para enfrentar o duríssimo segundo turno contra as candidaturas que representarão a direita. E não apenas em São Paulo e Rio de Janeiro. Assim será na maioria das cidades onde haverá segundo turno, com destaque para Porto Alegre, Fortaleza, Recife, e mesmo em Vitória, Goiânia e Salvador. Ainda não estão presentes as condições objetivas e subjetivas para a retirada precipitada de candidaturas. Os que se apressam em defendê-las são vistos com reservas.

Todavia, e isso me parece fundamental, a caturrice ranzinza em manter até o fim candidaturas inviáveis eleitoralmente seria uma escolha desastrosa. Dentro de três semanas as direções dos principais partidos de esquerda serão chamados a demonstrar que estão à altura dos desafios da história. Os eleitores de esquerda não são otários, observam de soslaio as movimentações e saberão como se posicionar, individual e coletivamente. Wilson Ramos Filho (Xixo), doutor em direito, preside o Instituto Defesa da Classe Trabalhadora.

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