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Foto do escritorCuritiba Suburbana

Covid-19 avança e governo Bolsonaro deixa país sem vacina

Por Milton Alves



O Brasil não tem vacina suficiente para concluir a 1ª fase da imunização contra a Covid-19. Nesta semana, diversos estados, de todas as regiões do país, anunciaram a paralisação da precária e agora colapsada campanha de vacinação, iniciada no final do mês de dezembro de 2020.


O quadro é mais dramático com o avanço da pandemia, que já levou a vida de quase 250 mil brasileiros. Neste domingo (21), o Brasil registrou uma média móvel de 1.037 óbitos, número que aumenta ao longo de outros dias da semana.


A falta de doses da vacina atinge em cheio os grupos prioritários incluídos na primeira fase da campanha – os profissionais da saúde e idosos. De acordo com as informações do site Our World Data, até o momento 5,6 milhões de vacinas foram aplicadas no Brasil. Ou seja, apenas 2,6% da população.


A falta de insumos para a produção de vacinas no país, é uma das consequências mais nefastas da política negacionista do governo Bolsonaro. O que desorganizou completamente um combate eficaz da pandemia, que avança com o surgimento de novas cepas – mais letais e de mais rápido contágio.


O Brasil, com a irresponsabilidade criminosa de Bolsonaro, perdeu um tempo precioso para organizar um plano de combate ao avanço da Covid-19: O governo adotou um discurso negacionista e anticientífico; não realizou, de forma antecipada, os contratos para a compras de vacinas e de testes; incentivou a sabotagem das medidas de isolamento social; além disso, militarizou o Ministério da Saúde, desprezando o acúmulo de especialistas e profissionais experimentados na gestão da saúde pública – em particular, ignorou a rede gerencial estruturada em torno do Sistema Único de Saúde (SUS).


Os desatinos ideológicos do governo federal impediram uma política de ampla inserção do país no processo de compras das vacinas em desenvolvimento. Até mesmo a oferta do consórcio organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – consórcio internacional Covax Facility para garantir a distribuição da vacina a 150 países – não obteve uma resposta imediata, um grave erro. Também não efetivou encomendas antecipadas aos oligopólios que dominam a indústria farmacêutica como a Pfizer, a Johnson & Johnson, Oxford/AstraZeneca e das vacinas produzidas pela China e a Rússia.


A situação é agravada ainda por uma gestão desastrosa e genocida no Ministério da Saúde, que conduziu o programa de imunização para o caos atual – sem um plano de conjunto e uma coordenação integrada entre os entes federados. Os governadores seguem pressionando pela aquisição de novos lotes de vacinas.


A manifestação da nova cepa [oriunda de Manaus] verificada em diversos pontos do país é uma perigosa e iminente ameaça, o que vai demandar uma ação urgente das autoridades sanitárias. Outro gargalo é a produção de gases medicinais, a falta de oxigênio ronda todos os grandes centros urbanos, áreas de maior risco de contágio e de saturação do sistema hospitalar – com a deficiência crescente de leitos e de equipamentos respiratórios.


A falta de vacinas aponta para uma fase prolongada dos efeitos da pandemia no conjunto da vida nacional. Quanto mais demorar a imunização, o coronavírus vai ampliando o ciclo de mortes e de infecção das pessoas. O que se soma ao quadro de desmonte e definhamento da economia nacional.


O governo neoliberal da extrema-direita, aliado ao bloco parlamentar do Centrão no Congresso, é o maior empecilho para o enfrentamento ao Covid-19. No momento, é necessário ampliar a pressão popular para exigir uma campanha de vacinação mais rápida e massiva, medidas de emergência sanitária nas áreas de maior contágio, mais recursos para o SUS, a revogação do teto dos gastos, a volta imediata do auxílio emergencial e intensificar a denúncia da conduta criminosa do presidente Jair Bolsonaro na evolução em curso da pandemia.



*Milton Alves: Ativista político e social. Autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT (2019) e de ‘A Saída é pela Esquerda (2020) – ambos pela Kotter Editorial.

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