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Foto do escritorCuritiba Suburbana

Quanto mais Belchior fugiu, mais foi encontrado

Por Kerison Lopes



O verso mais comentado nas redes sociais nos últimos dias foi gravado por Belchior há mais de 40 anos e escrito no início do século passado pelo poeta Zé Limeira. “Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” é cantado pelas novas gerações, que reconhecem naquelas palavras um grito de socorro para os tempos atuais. Esse não é um caso isolado. Toda a obra de Belchior está sendo revisitada.

O último show realizado pelo artista foi em Colatina (ES) em 2007. Depois, Belchior decidiu sair de cena para dedicar-se a outros processos criativos. Na prática, valeu-se do direito de desaparecer e rompeu não só com o showbusiness, mas com a própria sociedade. Seguiu em autoexílio pelos descaminhos do Sul do país, onde faleceu em 2017. Agora, as novas gerações fazem seus versos serem recitados por intérpretes Brasil afora. Belchior era um poeta que decidiu usar da música para ser mais popular. Filosófica e existencialmente, ele analisava “o homem e seu tempo”, mas com uma linguagem universal, com a profundidade para ser atemporal.

Parece que Belchior sabia da divina tragédia humana que se abateria no país, o que o tornou um fenômeno contemporâneo. Comprovamos o crescimento deste sucesso nos últimos cinco anos, desde quando fundamos o Bloco Volta Belchior, em Belo Horizonte. Em 2020, mais de 150 mil “belchianes” participaram do nosso desfile. Inacreditável, mas quanto mais Belchior fugiu, mais foi encontrado. Kerison Lopes: é jornalista, fundador e coordenador do Bloco Volta Belchior


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