Por Vilma Felipe da Costa
Houve um tempo em que os Estados Unidos e a extinta União Soviética travavam uma acirrada disputa pela hegemonia econômica, militar e política no mundo. Esse período teve início logo após a Segunda Guerra Mundial e foi denominado de Guerra Fria. É do conhecimento de todos que ambos os países são grandes potências em educação, poder bélico e, principalmente, em tecnologia. Visando favorecer a comunicação, com o objetivo de trocar informações com segurança e temendo ataques soviéticos, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos engendrou um sistema para compartilhar informações com o objetivo de auxiliar as estratégias de guerra. Você sabe que sistema é esse? Isso mesmo, foi aí que surgiu a internet.
A partir de então não se mediu esforços para o aperfeiçoamento de tal sistema e hoje o mundo vê o resultado desta conexão de impacto global. Tudo o que ocorre em qualquer lugar, sejam notícias, informações e os mais diversos acontecimentos, rapidamente atravessam os oceanos chegando ao outro lado do planeta, pois esse sistema não reconhece fronteiras e conecta pessoas que estão geograficamente distantes.
Ano após ano a tecnologia tem se desenvolvido de forma espantosa e com tanta evolução e rapidez a disposição, surgiram as redes sociais. Como o próprio nome já diz, é uma rede de pessoas de vários lugares do mundo que por vezes se conhecem, outras não, que se tornam “amigos” e se conectam por meio de diversos dispositivos eletrônicos. O fato é que cada vez mais conquista-se amigos virtuais e passa-se horas na frente do computador ou com o celular na mão, observando a vida e a “felicidade” de outrem. No entanto, muitas vezes, esse espectador não tem com quem conversar ou afasta-se das pessoas reais em detrimento das virtuais e passa a sentir solidão, tristeza e um vazio interior que não sabe explicar de onde vem.
Desde os mais antigos filósofos, fala-se sobre as necessidades que o ser humano apresenta de viver em sociedade. Aristóteles, por exemplo, descreve o homem como um ser imperfeito, carente, que procura viver em comunidade, pois necessita de coisas e dos outros para sentir-se completo. Para Sócrates, mestre de Platão, é necessário que o homem se volte ao seu interior, para então alcançar a sabedoria e realizar-se como pessoa. Nos dias atuais, o que se vê é uma busca desenfreada pela realização pessoal, com foco em “Ter” ao invés de “Ser”. Quando o indivíduo percebe que nem sempre é possível ter os objetos, os bens e a vida que outras pessoas transparecem nas redes sociais, este passa a sentir-se inferior, menosprezado, indesejado, acredita não pertencer ao mesmo grupo e passa a isolar-se cada vez mais.
O isolamento trás consigo a solidão, a angústia e a falta de prazer em viver. Estudiosos afirmam que a falta de pertencimento, ou a percepção de estar afastado de seu semelhante, é uma das principais causas dos problemas de saúde mental. A solidão é consequência do sentimento de não pertencer, ou mesmo de não estar na presença de iguais, da falta de conexão com seus pares. Muito embora a solidão seja um sentimento que é experimentado pelo ser humano a nível universal, ela não apresenta uma única causa, podendo ser emocional, física, mental e também social.
Apesar de ser um sentimento partilhado mundialmente, cada indivíduo o vivencia de forma singular, podendo manifestar-se até mesmo por meio de sintomas físicos. A solidão pode ser uma dica de que se precisa mudar alguma coisa em seu modo de vida. Você consegue identificar qual é o motivo da sua solidão? O que você tem feito por você mesmo? Como você vê o seu modo de vida? Estas são algumas perguntas que devem ser feitas, caso você tenha se identificado com algum dos elementos apresentados neste texto. Se ao se identificar você não encontrar respostas, a sugestão é que procure ajuda profissional.
Através do autoconhecimento, é possível encontrar a solução e ela pode estar dentro de você porém, há caminhos a serem percorridos que necessitam de apoio, conhecimento e técnicas que possam auxiliar nesse processo, a fim elaborar estratégias de enfrentamento que, por meio de pequenas ações que poderão leva-lo a experimentar a plenitude e o bem estar, impactando em todas as áreas de sua vida, bem como em seus relacionamentos.
Vilma Felipe da Costa - Técnica em Enfermagem, Bacharel em Teologia Pela Fatin, graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário UniDomBosco com ênfase em Logoterapia na área da saúde, pós-graduanda em Neuropsicopedagogia pela Uniasselvi.
Bom dia Gabriella! Ok, se você não se encaixa em nenhum grupo do "ter", mas você se conhece e sabe do que gosta, não há problema nenhum em não se encaixar. Ninguém é obrigado a se encaixar, mas é preciso se conhecer e saber quem você é. Quando você sabe quem é não se preocupa em se encaixar em nada. É importante lembrar que cada pessoa é diferente da outra, e não temos a obrigação de nos moldarmos para caber em nenhuma "csixa" somente para dizer que fazemos parte. Quando você se conhece e se aceita, sua vida segue em paz. Se você não consegue identificar sozinha quem você realmente é, sugiro que procure um psicólogo. Este poderá te auxi…
Eu tenho uma questão. E quando não gostamos de nada que a sociedade oferece? Quando não conseguimos não encaixar em nenhum grupo independente do "ter"?