por Igor Veiga (PERIGOR)
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial criado pelo Ministério da Educação (MEC) que define de modo uniforme o que todos os alunos do nosso país devem aprender durante sua escolaridade (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio).
No tocante à Língua Portuguesa, a BNCC sugere que os componentes curriculares da mesma possam possibilitar o letramento em todas as áreas do conhecimento, de acordo com quatro eixos: leitura/escuta; produção (escrita e multissemiótica); oralidade; análise linguística/semiótica (reflexão sobre a língua, normas-padrão e sistema de escrita).
Percebemos, portanto, o quão relevante se faz esta disciplina em nossa sociedade e o especial cuidado que devemos ter ao tratarmos sobre a mesma, uma vez que ela “está para além dela”, sendo um veículo através do qual os sujeitos se constituem, constroem identidades, produzem conhecimento e agem de forma crítica no mundo.
Sobre o ponto de vista da progressão, o documento em questão idealiza – romanticamente - a emancipação intelectual do discente, tornando o mesmo capaz de viver com dignidade através do exercício correto de sua cidadania, ao mesmo tempo em que poderá ser um sujeito atuante na (re) construção de nossa sociedade, de sua vida pessoal e, inclusive, acadêmica.
Em outras palavras, os conteúdos da Base Nacional Comum Curricular devem atender às interações que temos com o nosso universo social de nossa vida cotidiana através das práticas: artístico-literárias; político-cidadãs; investigativas; culturais das tecnologias de informação e comunicação; do mundo do trabalho.
Teoricamente, este ideal parece válido como um ponto de partida para a discussão da Educação como um todo e do mundo que queremos ter e deixar futuramente para as próximas gerações. Porém, ainda há muito a ser feito, uma vez que o nosso país apresenta diversas discrepâncias sociais e incoerências regionais.
Como pensar, por exemplo, no aprendizado dos alunos como um todo, sabendo que em nosso país existem escolas que sequer tem merenda? Ou ainda com regiões que sequer tem escola? Com algumas escolas sem estrutura adequada para o ensino? Com alguns alunos que demonstram indisciplina acentuada nas escolas por falta de estrutura familiar? Com boa parcela dos professores desmotivados pela falta de reconhecimento (moral e financeiro) e sem condições adequadas de trabalho? Com alguns pais que simplesmente desconhecem a vida escolar de seus filhos? Com desvios de verbas que são destinados exclusivamente à Educação?
Há quem pense que a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é interessante sob a perspectiva de garantir conteúdos “básicos” para os alunos. Numa perspectiva geral, levando em consideração todas as disciplinas, podemos indagar: como saber se atingimos o “mínimo” necessário para cada aluno em salas de aula superlotadas – com uma Educação engessada, que vê todos os alunos como se fosse um mesmo elemento, em meio a uma infinidade de universos peculiares; em que os alunos são obrigados a aprender na marra conteúdos que detestam para não serem “castigados”/“punidos” ao final do ano letivo ou que alunos sejam “empurrados” de ano, sem saber nada, apenas para melhorar as estatísticas do IDEB de cada escola – ? Os questionamentos são inúmeros e não cessam.
A Educação está perdida em meio ao caos de tantos contrastes. O modelo educacional das escolas está totalmente defasado – independente de qualquer BNCC que prometa milagres. Já passou da hora de termos uma mudança de consciência concreta na Educação, que leve em consideração – de verdade – o contexto social de cada comunidade, a bagagem de cada um e, principalmente, as aptidões individuais que torna cada ser humano único e especial.
A partir disso, o processo ensino-aprendizagem pode ser mais prazeroso para discentes e docentes. Lembrando que Educação não se restringe só à Escola, a esfera dela é muito maior. Ela é antes de tudo – ou pelo menos deveria ser – a consciência de um povo. Povo este que é composto por inúmeras singularidades...
Sobre o Autor
Igor veiga (PERIGOR)
2005
Graduou-se em Letras Português – Espanhol pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR);
Assumiu padrão de concurso como Profissional do Magistério do Estado do Paraná.
2015
Participou da Exposição Poesia Agora promovida pelo Jornal Plástico Bolha (RJ) no Museu da Língua Portuguesa (SP) na Seção Desafio Poético com o poema “Valsa”;
2016
Especializou-se em Psicopedagogia e Educação Especial pela Faculdade Guilherme Guimbala - Associação Catarinense de Ensino (Joinville – SC)
Participou da obra “Brasil, ni una más” (Antologia Internacional que aborda o tema “Violência contra a mulher”) publicada pela Biblioteca de las Grandes Naciones (País Basco, Espanha);
2017
Contribuiu com o poema “Aquela mulher” para a Antologia Internacional “Mulheres pela paz” – exposta em Ausburg (Alemanha) – promovida pela Revista Literária Fênix (Portugal).
Lançou o livro de poesia “MUNDO IN VERSO” pelo Instituto Memória Editora (Curitiba-PR);
2018
Concorreu com o livro MUNDO IN VERSO ao Prêmio Jabuti de Poesia;
Foi declarado “Acadêmico Imortal” pela Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia (AVIPAF), pertencendo à cadeira 32 – Patrono Vinicius de Moraes.
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