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Foto do escritorCuritiba Suburbana

Guerreiro pergunta: Quem é você?

Entrevista com Adriano Sátiro Bitencourt



Natural de Marialva - PR, Artista multimídia, Ator & Músico, Cantor & Compositor, Poeta & Artista Plástico, Cineasta & Teatrólogo, Escritor & Professor de música. Com vocês, Adriano Sátiro Bitencourt…


Guerreiro:

Adriano Sátiro Bitencourt, quem é você?



Adriano Sátiro:

" Um sintetizador mutante!

Minha função no mundo é sintetizar, já o modo, cada dia uso um diferente."



Guerreiro:

Nascido em Marialva, e vivendo lá apenas até os 6 anos, tens alguma lembrança da sua infância na sua terra natal?



Adriano Sátiro:

"Por incrível que pareça lembro muita coisa, lembro da nossa casa na rua do ouvidor, de amigos,de um acidente em que caí da camionete de meu pai, do nosso médico, das ruas em que eu brincava, lembro do coral que meu pai era regente e ensaiava em nossa casa, porque estavam reformando o salão paroquial, vixe!, lembro de tanta coisa que daria para rodar uns três longas!"


Adriano Sátiro, iniciando sua caminhada, com um ano de idade, em Marialva - PR

Guerreiro:

Já na fria Curitiba e em tempos "quentes", em qual bairro vcs se estabeleceram?

Adriano Sátiro:

"Aí foi uma novena. Logo que chegamos ficamos um tempo no boa vista na casa de meu tio, aí meu pai comprou uma casa na rua Cândido Xavier, quase esquina com Getúlio Vargas, no Água Verde e depois mudamos para o Boqueirão."



Guerreiro:

Como foi sua experiência e suas aventuras como um "Piá Curitibano", as descobertas da adolescência e a rebeldia natural da juventude?



Adriano Sátiro:

"Então, nessa casa do Água Verde, tinha um campinho bem na frente, na infância e adolescência minha paixão era o futebol. Eu estudava no João Turin, chegava almoçava correndo e ia pro campinho até escurecer, quando a gente não via mais a bola e se guiava pelo barulho das caneladas. A música começou pelos 15 anos quando virei piá rebelde e já estava pirando na cachaça, nas drogas e no Rock n Roll. Aí meu pai me mandou para divã do psicanalista, o Dr. Paulo Montserrat, que foi o cara que trouxe o curso de musicoterapia para curitiba. Ele gostava de usar música nas sessões e como eu escrevia muitos poemas e ele sabia que meu pai tocava, me incentivou a aprender violão. Aí parei de arrumar tanta briga com os outros na rua e comecei a brigar com o violão, briga que segue firme até hoje"




Guerreiro:

Quando você descobriu o Adriano Músico e decidiu trilhar por essa estrada?



Adriano Sátiro:

" Então, nessa fase rebelde que falei. Nessa época eu dei muito trabalho para meu pai que já trabalhava demais da conta. Aí meu pai me ensinou alguns acordes me deu um violão e me levou para nosso sítio na Lapa e me largou lá com violão e algumas lições de vida (meu pai sempre foi meu grande mestre!) e sobrevivência. Então éramos só eu e o violão, aí comecei a compor música para meus poemas com os poucos acordes que meu pai me ensinou. Quando quis variar comecei a inventar acordes e ir testando o som e foram saindo músicas legais. Aí quando voltei para Curitiba, já estava decidido: queria aprender violão. Fiz umas aulas na academia Guaíra ali no água verde mesmo, mas não era exatamente o que eu queria. Nessa época eu conheci o mestre e amigo de uma vida inteira, o Cabelo. Aí sim, era o que eu queria, porque o Cabelo me ensinou a tocar usando minhas próprias músicas."



Guerreiro:

Quais são as suas referências na música Universal?


Adriano Sátiro:

"São tantas que acaba sendo nenhuma específica. Meu pai tinha um gosto muito eclético e sempre tinha muita música em casa. As primeiras referências eram os discos dele: Irmãos Bertussi, Cantores de Vivaldi, Ivon Curi, Noel Rosa, Sérgio Endrigo, pensa numa mistureira, até Beatles, que ele dizia que eram uns piás drogados, mas gostava das músicas então comprou o disco.


Quando eu mesmo comecei a escolher meus discos segui o gosto eclético do meu pai, mas com novas escolhas, aí veio Gary Glitter, Nazareth, Led Zeppelin, etc e também muita música brasileira, especialmente do nordeste, Ednardo, Alceu Valença, Zé Ramalho, Belchior (que acabou virando um amigo da vida toda) Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Márcio Greik, vixe!, é muita coisa, e muito variada... mas o primeiro xou a gente nunca esquece, ainda morávamos em Marialva e meu pai levou eu e meu irmão mais velho para show do Moacir Franco em Londrina. No show o Guto, filho do Moacir Franco, que tinha minha idade, 5 anos, cantava com ele. Meu pai comprou o disco do Moacir Franco e do Guto, e aí eu virava a enceradeira da minha mãe para parecer microfone e comecei a imitar o Guto cantando."



Guerreiro:

Quando foi o início da sua carreira musical?



Adriano Sátiro:

"Minha primeira experiência com o público foi no Tuc (Teatro Universitário de Curitiba), Toquei 2 músicas minhas, mas como eu não tinha coragem de cantar, quem cantava era a minha amiga Detinha. Eu tremia um monte mas deu super certo a galera curtiu.


Depois participei de um Festival na Cidade de Jacarezinho- PR, e lá tinha uma banda que acompanhava os músicos, (Banda Erupção), A banda era excelente! Aí me empolguei com essa história de tocar com banda. Acabei indo morar em Jacarezinho para tocar em uma banda de baile.


Nessa época eu fazia faculdade de música, larguei a faculdade para trabalhar na banda, que além de ganhar minha própria grana, foi uma excelente escola que acabei tendo como músico"



Guerreiro:

E as parcerias? Alguma banda autoral que tenha tocado ou em atividade?

Algum trabalho registrado?



Adriano Sátiro:

"Na época que comecei a ter aulas com o Cabelo, era no Bigorrilho, na casa do Tartara. Ali conheci o Roberto Prado e rolou uma longa e duradoura parceria. O "Beco" fazia as letras e eu as músicas, basicamente, essa era a parceria mais constante, mas era parte de uma turma de poetas e compositores, onde todos éramos parceiros, temos músicas com até nove compositores na parceria, essa turma tinha artistas geniais como, Trindade, Marcos Prado, Júlio Garrido, Eduardo Ross, Arnaldo Machado, Sidail Cesar, vixe! um monte de gente...pouco depois disso teve uma parceria mais constante com o Carlos Careqa, aí os papéis se inverteram, basicamente aí eu fazia as letras e ele as músicas"


com Roberto Prado, estúdio THZ preparando a gravação de "Choro Canino" de Adriano Sátiro, Roberto Prado e Sidail César,  para o álbum "No batuque do coração" de Sidail César
Roberto Prado, estúdio THZ preparando a gravação de "Choro Canino" de Adriano Sátiro, Roberto Prado e Sidail César, para o álbum "No batuque do coração" de Sidail César


Guerreiro:

Você já tinha tocado em uma banda de baile, mas banda autoral, onde você pudesse explorar seu potencial como músico compositor, você teve essa experiência, toca em alguma banda atualmente?



Adriano Sátiro:

"Bem lembrado. A minha melhor experiência com banda veio só nos anos 90 com a "Adriano Sátiro e os Bem-aventurados" porque aí finalmente juntei o prazer de tocar com uma banda, com o prazer de compor. Gravamos em 97 meu primeiro CD autoral com o apoio da Lei de incentivo, "A caminho do Céu". Com este CD, ganhamos o prêmio Saul Trumpete, um prêmio que goza de muito prestígio e é destaque no cenário musical. Também fizemos um show maravilhoso de lançamento no Teatro Paiol que foi gravado pela TV Educativa.


Depois lançamos o "Pensando no próximo" e o single "Dance conformusic", esses com tiragem pequena e limitada porque fizemos por nossa conta mesmo. Fazer uma produção com a Lei de incentivo tem lá suas vantagens, é uma maravilha porque pudemos gravar com talentosíssimo amigo Roberto Bürgel, o que rendeu muitas alegrias e arranjos magníficos! Mas tem o outro lado da moeda, fazer uma produção com a Lei de incentivo,me deu muita dor de cabeça devido aos emaranhados burocráticos."


Atualmente participo da banda TeraHertz de Curitiba, e mesmo morando fora, gravamos e lançamos há poucos anos o CD homônimo, pelo Estúdio Thz, que é do nosso vocalista, Nilton Andrade. Como tds da banda são compositores é ótimo a gente cria muita coisa juntos as vezes no próprio estúdio. Pena que são raras vezes que conseguimos tempo para tal, por conta das correrias da vida."


Capa e contracapa do Álbum "A caminho do Céu" Adriano Sátiro e os Bem Aventurados (1997 Curitiba) O quadro que ilustra a capa é do Artista Plástico Valter Bitencourt ( in memorian)
Capa CD single "Dance Conformusic", Adriano Sátiro e os Bem Aventurados, (2000 Curitiba)



banda TeraHertz (esq. p/dir. Iramar Hermógenes, Cristiano Wodzinski, Adriano Sátiro, Edvam Leal, Nilton Andrade e Paulo Kavi. 2012, foto Daniel Caron.


Guerreiro:

Entre tantos parcerias geniais, você tem uma parceria com um ícone da cultura curitibana e Paranaense que é o Carlos Careqa, como foi essa experiência?



Adriano Sátiro:

"Hilária. O careqa foi assistir um show nosso, no TUC, e odiou, saiu brabo e xingando. Uma semana depois ele foi obrigado a ver o mesmo show na CELU, (Casa do estudante Luterano), porque o equipamento era alugado e ele era o técnico de som da empresa. Aí me procurou no final do show e disse que mudou a visão e que adorou a mistura que fazíamos da música com o teatro e me pediu para dirigir um show dele com o Fernando Vieira. Acabei dirigindo vários shows e aí nasceu a parceria."


Panfleto do show na CELU (Casa do Estudante Luterano), onde iniciou a parceria com Carlos Careqa
Oswaldo Rios e Carlos Careqa, Teatro Paiol. 2011 (foto Jô Maciel)

Guerreiro:

A canção "Eu gosto de Curitiba", já foi executada ao vivo na rede Globo, quando o Carlos Careqa foi entrevistado no Programa do Jô Soares, você diria que esta é a sua composição que alcançou no mais notoriedade?



Adriano Sátiro:

"Essa eu batizei de "não dê pipoca ao turista" porque ela foi lançada naquela época que Curitiba era considerada uma das melhores cidades do mundo para se morar e choveu turista… Mas em termos de sucesso a composição que me rendeu mais, foi outra parceria com o Carlos Careqa, ser igual é legal que foi tema da novela Anjo Mau exibida pela Rede Globo em 1997, aliás, essa canção me rendeu uma chacrinha maravilhosa em Campina Grande do Sul, e também me possibilitou conhecer muita gente boa. A novela voltou ao ar no "Vale a pena ver de novo!" em 2004, o que ajudou a bancar as despesas do parto do meu filho.


Depois tive que vender a chacrinha para ajudar comprar um apartamento em Ponta Grossa, onde mora meu filho com a mãe dele, mas foi maravilhoso morar numa chácara que comprei com dinheiro que ganhei com minha música. Sensação maravilhosa!"







Matéria de Fabiano Camargo, para Caderno G Gazeta do Povo...

Guerreiro:

Literatura? Músico Compositor e Poeta! Já publicou suas poesias ou algum livro?



Adriano Sátiro:

"em 1980 lancei meu primeiro livro de contos, o "Espilce", pela editora Beija-flor, um livro de contos que escrevi dos meus 12 aos 16 anos. pouco depois lancei 2 livretos de "cordel" mimeografados, ambos de poemas, o "Tudo a Qilo" e o "Mais um pouqo". Também mantive a coluna Cultura e Arte do Jornal Tribuna do Norte Pioneiro, em Jacarezinho, e escrevi para vários jornais e revistas que não lembro agora. Mas don't worry, quando escrevo profissionalmente faço uso da norma vigente e uso as convenções da boa escrita. só uso minha ortografia "pop" na internet e nos meus próprios trabalhos, que aí é meu e faço como quero.

Em 2012 (acho) lancei esse, o "Método Z" pela ed. Estúdio Texto de Ponta Grossa."


Poema escrito aos 6 anos de idade, quando da mudança de Marialva para Curitiba.

Capa livro "Método Z, música para tocar", ed. Estúdio Texto, 2012, Ponta Grossa - PR.


Guerreiro:

Artes cênicas, Cinema? Você também é ator?



Adriano Sátiro:

"Recentemente fiz a trilha sonora do filme (curta) A nova Floresta, do amigo Valdir Rigamonti, eu já havia feito música para ele no "Terra Boeira" alguns anos antes. E participei como ator do filme "Dos Males do Fumo" de Navegantes -SC, há uns três anos."



Guerreiro:

Você conquistou a sua independência financeira com a sua arte?



Adriano Sátiro:

" De jeito nenhum. Bom se desse, mas não deu. 57 anos e continuo matando um Leão no almoço para comer na janta. mas tive uns bons momentos."



Guerreiro:

Está trabalhando em algum projeto atualmente?



Adriano Sátiro:

"sim, estou em Paranaguá, iniciando um projeto com minha amiga, a cantora Rosana Barroso, é um projeto de um show de MPB, que a princípio montamos para live, mas parece que está retornando a música ao vivo, então deveremos fazer ao vivo também, e nesse meio tempo ela está me ajudando na gravação de jingles e spots para rádio e Tv"



Guerreiro:

Em nome da Revista On Line Curitiba Suburbana e fã Ana Campos, agradeço imensamente por sua disposição em nos contar um pouco da sua rica trajetória artística! Por gentileza, faça suas considerações finais…



Adriano Sátiro:

"Sou eu quem agradece, à você, pela lembrança e pela oportunidade de poder contar um pouco da minha história, e aproveito para mandar um grande abraço e externar a minha gratidão para querida Ana Campos, ela tem feito uma baita diferença na divulgação da arte e da cultura de curitiba, e sei bem o quanto é difícil manter um espaço como a Revista Curitiba Suburbana, voltada para esta área tão carente de apoio!"





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