Por Fernando Moraes
Está em exposição atualmente no Withney Museum, de Nova York, uma réplica do mural “O Homem, controlador do Universo”, do mexicano Diego Rivera. A obra, de cinco por doze metros, havia sido originalmente encomendada pelo milionário Nelson Rockefeller em 1932 para ser instalada na entrada da recém inaugurada Radio City Music Hall, casa de espetáculos localizada no Rockefeller Center, em Nova York.
Ativo militante comunista no México (nessa época casado com a também artista e comunista Frida Kahlo), Rivera mudou-se para Nova York , onde viveu por vários meses trabalhando no painel. Quando a obra já estava em fase de finalização, o muralista recebeu uma polida mas objetiva carta de Nelson Rockefeller:
"Nova York, 4 de maio de 1933
Prezado Sr. Rivera
Ontem, quando estive no edifício número 1 do Rockefeller Center, vendo o progresso do seu emocionante mural, observei que na parte mais recente da pintura você incluiu um retrato de Lênin. A peça está belamente pintada, mas parece-me que figurar seu retrato neste mural poderá ofender muito fácil e seriamente um imenso número de pessoas. Se fosse numa casa privada seria uma coisa, mas este mural está em um edifício público e a situação é, portanto, muito diferente.
Tanto não gosto de fazer isto quanto tememos ser obrigados a pedir a você que substitua o rosto por algum homem desconhecido onde hoje está figurado o rosto de Lênin.
Você sabe quão entusiasta eu sou com o trabalho que você está fazendo e que o compromisso que nós temos de modo algum o limita no assunto ou no tratamento. Estou seguro que você compreenderá nosso sentimento com esta situação e seremos muito gratos com a sua substituição por nós sugerida.
Atenciosamente,
Nelson Rockefeller"
Diego Rivera, de fato, não escondera suas convicções políticas ao conceber o painel. Pintando o Homem como centro da composição, ele coloca de um lado o capitalismo com símbolos da religião, da guerra e da luta de classes. Do lado do socialismo, os trabalhadores em festa na Praça Vermelha e um desfile do Exército Soviético. Curiosamente Nelson Rockefeller queixou-se apenas da figura de Lênin, embora a seu lado estejam Trotsky, Engels e Marx (assinalados na foto).
Rivera recusou-se a substituir o rosto de Lênin por uma figura anônima e o painel original foi coberto de argamassa. O muralista voltou ao México, repintou exatamente o painel que havia feito para Rockefeller – com Lênin e companhia. A obra pode ser vista hoje no Palácio de Belas Artes, Cidade do México.
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