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Foto do escritorCuritiba Suburbana

Afinal, como era Cuba antes da Revolução?

Por Joaquim de Lira Neto - da página "A Miséria Da Democracia"



Os defensores mais apaixonados do capitalismo se esforçam para não enxergar os excelentes indicadores socioeconômicos de Cuba, sobretudo em relação aos apresentados pelos demais países da América Central. Comparemos aspectos da sociedade cubana, de antes e depois da Revolução.

O site de direita “Instituto Liberal”¹ tenta defender que Cuba era um país melhor antes da Revolução por, por exemplo: ter tido o primeiro bonde elétrico, além da primeira ferrovia da América Latina; pela alta quantidade de televisores; ou pelo fato de que Cuba teve o primeiro Hotel a ter ar condicionado no mundo.

Primeiramente, algumas informações deste site estão incorretas (o Brasil já tinha bondes elétricos antes de Cuba, em Manaus, por exemplo). Além disso, o que o Instituto Liberal não diz é que Cuba, de fato, recebeu grandes investimentos para que pudesse se tornar um grande bordel de luxo da máfia e das elites, sobretudo, estadunidenses.

Moura (2018, p. 47) nos fornece um retrato da Cuba pré-revolucionária. Segundo o autor, “entre as décadas de 30 e 50, durante o governo de Fulgêncio Batista a ilha era conhecida como um paraíso da impunidade para organizações criminosas”. Batista atendia aos interesses estadunidenses, “transformando a ilha no lugar ideal para o turista que gosta de drogas, jogos, bebidas, bons charutos e prostituição, todos administrados pela máfia ítalo-americana, que eram os principais turistas de Cuba na época”. Ainda segundo o autor, “o cartão de visitas da ilha era o Tropicana, uma casa noturna inaugurada em Havana (...) Seus espetáculos com garotas seminuas e coreografias monumentais ajudaram a fazer da cidade uma referência mundial de show business, contando com apresentação de ícones da época, como Carmen Miranda e Nat King Cole” (MOURA, 2018, p. 48).

É este modelo de sociedade que os direitistas conservadores brasileiros defendem? Sem dúvidas, defendem a imensa desigualdade social que reinava neste glamouroso bordel estadunidense.

Como lembra Valdés Paz (2011, p. 74), antes da Revolução havia imensa concentração de terras, de forma que “57% das terras estavam em mãos de 3% dos proprietários, enquanto 78,5% (cerca de 126 mil ocupantes com menos de 5 hectares de terra) possuíam só 15%”. E completa: “Sobre essa estrutura, sustentava-se uma sociedade rural de assalariados, camponeses e desempregados agrícolas, tão explorados como precários” (VALDÉS PAZ, 2011, p. 74).

Tal desigualdade, evidentemente, se refletia sobre toda a sociedade cubana. No que se refere à educação, “o nível de analfabetismo era tal que, numa população de 5,5 milhões de habitantes, esse flagelo atingia, em média, 23,6% dos maiores de 15 anos; e nas zonas de montanha e rurais chegava a 40%” (CHAVES RODRÍGUEZ, 2011, p. 45). Hoje, Cuba conseguiu erradicar o analfabetismo - que ainda persiste no Brasil (6,6%), e chega a ser muito alto em países vizinhos a Cuba, como o Haiti (45%), Guatemala (27%) ou Jamaica (14%).

Quanto à saúde, Segundo Osa (2011, p. 89) em Cuba, antes da Revolução, a taxa de mortalidade infantil “era superior a 60 por cada 1.000 nascimentos, e a expectativa de vida era de apenas 60 anos”. Hoje, a mortalidade infantil cubana é de apenas 4/1000 nascidos vivos.² Nos EUA tal taxa é de 5,9/1000, e, no Brasil, de 13,9/1000. A expectativa de vida em Cuba é de 78 anos, sendo equivalente à taxa dos EUA, e superior à brasileira (76 anos).

Um estudo minimamente sério da História de Cuba antes e depois da Revolução deixa claro que houve uma série de conquistas socioeconômicas, mesmo com o embargo ilegal imposto pelos EUA. Os mais desonestos podem tentar ocultar, e até mesmo falsear dados, mas é inegável que Cuba demonstra um modelo de sociedade que oferece melhor qualidade de vida que muitos países capitalistas, principalmente tendo como referência seus vizinhos da América Central (Haiti, Jamaica, Guatemala, Honduras, El Salvador, etc.), relegados à periferia do capitalismo, mas que os direitistas parecem se esforçar para tentar esquecer.



Referências:

CHAVES RODRÍGUEZ, Justo Alberto. A educação em Cuba entre 1959 e 2010, Estudos Avançados, 25 (72), 2011. MOURA, Leandro Souza; MANZO FILHO, José Maria Campos. O turismo em Cuba como alternativa para a economia sob o embargo comercial dos Estados Unidos: um olhar sobre os desafios pós-revolução. Revista Iberoamericana de Turismo – RITUR, Penedo, v.8, n.2, dez., 2018. OSA, J. A. Um olhar para a saúde pública cubana. Estudos Avançados, 25 (72), 2011. VALDÉS PAZ, Juan. A Revolução Agrícola cubana: conquistas e desafios, Estudos Avançados, 25 (72), 2011. ¹. https://www.institutoliberal.org.br/.../cuba-antes-e.../ ².https://www.revistaforum.com.br/cuba-comemora-taxa-de.../



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