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Foto do escritorCuritiba Suburbana

ABRE A GAITA, GAITEIRO!

Por Ana Campos


Curitiba não é famosa por ter um arquétipo muito original de cultura popular. Não temos, por exemplo, uma culinária própria, tão marcante quanto Salvador com seus acarajés e tapiocas e vatapás, ou o Porto Alegre com seu notório churrasco e chimarrão, podemos dizer que não temos uma identidade cultural bem definida, somos uma mistura devidamente separada, de tudo, que se distribui, talvez, entre as classes sociais da cidade.


Com a música não é diferente. Nós miscigenamos o que há à nossa volta, mas não para produzimos algo inédito, salvo em pouquíssimas exceções, nós apenas reproduzimos o que já existe, de maneira compartimentalizada entre as camadas sociais e assim adotamos estilos alheios, como se fossem nossos.


Nossas maiores influências vêm dos nossos vizinhos mais próximos, cujas identidades culturais são acentuadas, especialmente para a periferia, que é composta, em grande parte, por uma população sem muita vivencia de mundo, acostumada apenas a receber o que chega de fora e absorver em seu cotidiano.


Por sorte, temos alguns vizinhos com estilos de música e dança, imbuídos de qualidade e termos nos tornado “meio agauchados”, não é nenhum desprazer.


A música gaúcha está presente no dia a dia do povo e tem uma legião de adeptos espalhados por toda a grande Curitiba, principalmente na região metropolitana da cidade. Mas, como toda miscigenação não pode manter-se pura, nossos bailões têm a cara do curitibano e em uma fusão entre o sertanejo e o gaúcho, as bandas que tocam esses estilos tem seu público garantido, pois o curitibano se diverte horrores, batendo coxas nos salões da cidade.


Não poderíamos seguir falando sobre a cultura curitibana, sem levarmos em consideração essa vertente, para a qual muitos torcem o nariz, mas não podem negar sua forte presença no cenário da nossa cultura popular.


Há um vasto mercado nesse nicho cultural e apesar dos artistas e profissionais que atuam nele, não atraírem muito a atenção da mídia local, nem da righ society da cultura curitibana, eles possuem um espaço invejável e um público fiel. Há casas de shows especializadas por quase todos os bairros e em cidades vizinhas, os chamados bailões, alguns tradicionais e muito conhecidos. Eu poderia citar dezenas de Bailes em Curitiba, alguns, antigos, que ficaram famosos e até marcaram época para algumas gerações de curitibanos, outros, atuais, que são muito freqüentados pelos adeptos dos estilos, gaúcho e sertanejo, mas vou citar apenas poucos exemplos para não me estender demais.


Dentre os atuais, temos na cidade: o Clube Albatroz, Baile do Pato, Clube Tradição, Baila.com, Gaitaço Sertanejo, etc. Dos antigos, quem nunca ouviu falar nos clubes: Atenas, CTG Vinte de Setembro, Big Baile, Caça e Tiro? Enfim, são muitas as casas especializadas em música dançante, onde o gaiteiro é a estrela maior e os estilos gaúcho/sertanejo, roubam a cena, o que torna esses estilos, uma parte expressiva da nossa cultura.


As variações de estilo, dentro da mesma proposta dançante, fazem com que as bandas ou grupos gaúcho-sertanejos, agradem a gregos e troianos, nos limites do seu público alvo.


Dois exemplos claros dessas variantes, na mesma proposta dançante de que estou falando, são as bandas: Pancadão Sertanejo e Os Vieira, dois grupos curitibanos.



O primeiro: (Pancadão Sertanejo) é uma banda sertaneja, como o nome já diz, mas que toca um pouco de tudo em seus shows, o que inclui muita música gaúcha também.









E o segundo: (Os Vieira) é essencialmente de música gaúcha, mas inclui a música sertaneja em seu repertório de forma muito natural.






E assim, com um sertanejo agauchado, ou um gaúcho sertanejado, eles seguem, levando suas artes em forma de lazer e diversão, para uma parcela substancial do povo, que não gosta de sair de casa só pra ficar parado, assistindo os artistas, gosta mesmo é de fazer parte do show e dançar seus melhores passos no salão, enquanto o gaiteiro abre a gaita no palco.



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