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Foto do escritorCuritiba Suburbana

A questão cultural e artística na Coreia do Norte.

Por João Pedrosa


A Banda Moranbong foi criada em 2012 pelo Líder Supremo Kim Jong Un. É composta por 12 mulheres. No seu repertório podemos apreciar canções que enaltecem a pátria, o partido, o líder, a luta do povo coreano, as conquistas do socialismo e da ciência.


A cultura nacional da Coreia do Norte é genuína, ligada ao ethos do país, as suas raízes e tradições. Muitos sociólogos afirmam que a cultura norte-coreana é uma das mais autênticas do mundo, pois a influência da cultura exterior na música, artes plásticas e artes cênicas é praticamente nula.


Depois da revolução socialista, o presidente Kim IL Sung, que era artista e chegou a compor peças de óperas, cuidou da questão cultural com muito zelo. Em outubro de 1930 o presidente Kim IL Sung cria e põe em cena a ópera revolucionária 'A Florista'. É a sua obra mais famosa.

Na arte norte-coreana foram selecionados os traços culturais milenares da tradição coreana incorporando-os a tradição socialista. Tudo que tinha ranço de atraso medieval da milenar cultura coreana foi eliminado. Houve, também, influência da cultura chinesa ligada ao confucionismo e ao budismo que se fundiram a tradição do realismo socialista soviético, dando origem a uma cultural coreana revolucionária e socialista muito original.


Podemos perceber nas artes plásticas, claramente, o hiper-realismo, que é uma característica do realismo socialista soviético, bem como a presença de elementos da natureza nas pinturas: flores, animais, montanhas e árvores que nos remete ao neoconfucionismo e budismo.

Outro traço interessante dessa cultura é a presença do coletivo ou conjunto em oposição ao individual. Veremos sempre nas apresentações artísticas o grupo, não a figura individual de um artista solo como na cultura capitalista. O coletivo é enaltecido, já o individual - sofrimento amoroso, o foco na pessoa, a vulgaridade tipo dança da garrafinha no Brasil -, inexistem nessa cultura. Os elementos nacionais e coletivos, ligados ao mundo do trabalho, estão presentes de forma contundente.


O querido líder Kim Jong IL era cinéfilo. Alguns historiadores afirmam que ele tinha uma cinemateca com mais de 800 filmes de todo o mundo. E que, inclusive, ele gostava dos filmes do brasileiro Glauber Rocha, do cinema novo brasileiro.


O Estúdio de Cinema de Pyongyang foi criado em 1947. É uma imensa área nos arredores de Pyongyang, com uma grande cidade cenográfica. Fala- se que Kim Jong IL visitou esse lugar 711 vezes para fazer orientação de campo. O presidente Kim IL Sung visitou 23 vezes e o Líder Supremo Kim Jong Un visitou nove vezes.


A produção cinematográfica na Coreia do Norte é intensa. Além desse estúdio, existe outro estúdio de cinema ligado ao Exército Popular da Coreia. O cinema é tão importante na cultura que ocorre o Festival Internacional de Cinema de Pyongyang, que é muito prestigiado pelos países amigos que mantém relações diplomáticas com a Coreia socialista.


Na Coreia do Norte existem centenas de museus. Tudo é preservado. Aliás, os norte-coreanos são especialistas em museus. É um trabalho reconhecido mundialmente. Os técnicos da museologia dão assessoria e constroem museus em vários países.


O museu mais importante do país, localizado em Pyongyang, é o Museu Comemorativo da Vitória da Guerra da Libertação da Pátria, construído em 2013 sob a supervisão direta de Kim Jong IL. Esse museu é sobre a Guerra da Coreia (1950-1953).


Outro museu importante é o Museu Koryo na cidade histórica de Kaesong - capital dos antigos reinos da Coreia - (datada de 992 DC ali está localizada a primeira universidade do mundo ligada ao confucionismo, que é um sítio reconhecido pela UNESCO).


Destacamos, também, a Galeria de Arte Coreana, que é um museu interessante. São várias salas com pinturas e esculturas da antiguidade, modernidade e contemporaneidade.

Um museu magnífico é o Museu de Exibição da Amizade Internacional, localizado nos arredores do Monte Myohyang (significa aroma maravilha). É um impressionante local, onde estão expostos os presentes que os líderes da Coreia do Norte receberam de 188 países (inclusive do Brasil). São centenas de salas que abrigam 118 mil presentes. Os que mais impressionam, são os presentes das salas da China. Aliás, são muitas salas. É impossível se visitar todas as salas em um dia só. Pelos cálculos de um guia, seria necessário o visitante ficar durante oito meses dentro do museu para ver todos os presentes. Lá existem presentes dados por famosos como Stálin, Fidel Castro, Raul Castro, Mao Tse Tung, Xi Jinping, Putin, Nicolai Ceaseusco, Ho Chi Min até do ex-jogador de basquete do NBA Dennis Rodmam, que é amigo de Kim Jong Un. Ele presenciou Kim Jong Un com uma bola de basquete autografada e uma camiseta. O Rei Pelé presenciou Kim Jong IL com uma bola de futebol autografada em 2003. Fato que poucos conhecem no Brasil.


Ainda no interior do país, se visita o templo budista Pohyon. Um importante templo reformado pelo governo, onde encontramos monges de verdade. Lá se encontra uma biblioteca, numa sala refrigerada, com manuscritos originais sobre o budismo. Existem muitos templos budistas nas montanhas da Coreia. Os monges tiveram um papel importante na guerrilha, durante a expulsão dos japoneses da península. Eles recebem apoio e subsídios do governo socialista.


Finalmente, em Pyongyang, podemos conhecer o Estúdio de Artes Mansudae que reúne todos os artistas da Coreia do Norte.


Artista lá é profissão. São trabalhadores das artes. O Mansudae é uma imensa fábrica de artes que congrega 4.500 trabalhadores nas áreas de: pintura, escultura, bordado, artesanato, cerâmica etc. Realizaram, também, trabalhos para vários países: Angola, Alemanha, Senegal etc.

A arte norte-coreana é impregnada de nacionalismo, coletivismo e referenciada na luta e conquista dos trabalhadores.



João Pedrosa. Texto: Facebook página Coreia do Norte em Foco.



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