Por Júlia Fregni Lins
Entre exatamente os meses do meio do ano – de Abril a Agosto de 2018 – cursamos, eu e colegas, a primeira disciplina exclusivamente voltada à análise do golpe de 2016, no curso de Ciências Sociais da UFCG. Orientada pela professora Elizabeth Lima, que há anos realiza pesquisas sobre a relação entre mulher, política, imagem e mídia, lemos revistas e artigos que abordaram momentos políticos que precederam o ponto culminante que foi o golpe de 2016, e as características, especificamente misóginas, do mesmo. Perpassamos pelas Jornadas de Junho de 2013, das quais pessoalmente caminhei e relembrarei aqui, e suas expectativas hoje vistas como alcançadas ou frustradas. E debatemos, entre outros, sobre o ganho de espaço dos discursos da nova direita frente à repressão de importantes direitos conquistados pela esquerda nos últimos anos, especificamente entre 2003 e 2016, período do Partido dos Trabalhadores no governo.
Portanto, apresentamos neste ensaio uma breve reflexão acerca dos debates gerados em sala de aula, quanto ao golpe de Estado ilegítimo de 2016 e suas caracterizações misóginas, conservadoras e mafiosas; uma breve leitura das posições políticas e opiniões públicas atuais no Brasil, frente às eleições presidenciais de 2018; e uma breve narrativa das Jornadas de Junho de 2013, e suas repercussões.
Para a análise do golpe, traremos também uma leitura aprofundada do escrito de Cláudia Leitão, Imaginário, mulher e poder no Brasil: reflexões acerca do impeachment de Dilma Rousseff, incluso no livro O Golpe na Perspectiva de Gênero (2018).
Anterior ao sombrio marco do dia 31 de agosto de 2016, dia em que a então legitimamente eleita presidenta Dilma Rousseff foi afastada de seu cargo, houve diversas tentativas de impedimento ao ofício eficiente da ex-presidenta, tentativas de teor despolitizado e misógino – como foi explicitado no ponto culminante de agosto, em que centenas de deputados destilaram, num misto horroroso de violência e alegria, seu ódio à presidenta, em nome de um discurso pautado em “Deus” e na “Família”.
Estas tentativas envolveram, entre outros, a desconstrução da imagem de Dilma pela mídia, com seu rosto exposto em capas de revistas grandes e reacionárias de maneira a provocar leituras desgostosas e desconfiadas por parte dos leitores quanto à credibilidade social – e consequentemente política – da presidenta. A manipulação midiática se encarregou em disseminar especificamente uma imagem (imagens) esteticamente fora dos padrões de beleza femininos brasileiros e internacionais, induzindo a rejeição por parte da maioria da população brasileira, alienadamente influenciada por tal fator; uma imagem de líder inflexível, que não sabe negociar e fazer acordos, como deveria fazer de acordo com o padrão patriarcal da política; uma imagem de mulher sem moral, por ser divorciada e sem vaidade; uma imagem de mulher sem competência - como historicamente as mulheres são classificadas; entre outras tantas tentativas de despolitizar a presidenta, enfatizando sempre suas características pessoais (e as distorcendo) em detrimento de suas qualidades políticas-profissionais. Tentativas de deslegitimar, que foram feitas até a interrupção de seu mandato.
Ao lermos artigos de revistas como a Época e Veja e, em contrapartida a, Carta Capital e Caros Amigos, observamos nítidas diferenças no teor dos conteúdos e abordagem dos mesmos relacionados à Dilma. As revistas notoriamente conhecidas por seus interesses reacionários e elitistas (Época e Veja), assim como os meios de comunicação afiliados a rede Globo, além de construírem a imagem de uma líder emocional – no sentido negativo, de forma apelativa afirmaram com confiança que o impeachment de Dilma Rousseff era algo inevitável, antes mesmo de haver algo concreto que indicasse isso – além das intencionadas especulações de partidos de oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT). Com isso, disseminaram a crença da inevitabilidade em seus leitores e telespectadores, induzindo à população a aceitação de um fato que, na realidade, teve teor apolítico e mafioso – não legítimo para ocorrer. Por outro lado, os meios de comunicação de posição esquerdista ou centro-esquerdista (Carta Capital, Caros Amigos, e raramente alguma emissora de TV) descreveram o processo de maneira investigativa e crítica, apresentando de forma transparente os fatos legais, além dos bastidores do jogo político.
A manipulação midiática envolve o imaginário histórico-coletivo que Cláudia Leitão aborda em seu texto. De acordo com a autora, “o imaginário enfatiza os significados dos símbolos e das imagens (em um mundo onde somente os conceitos ganharam hegemonia!), permitindo às análises históricas uma nova possibilidade de interpretação de fatos, representações, comportamentos, discursos e gestos, a partir de um olhar menos positivista e mais complexo sobre a interação dos sujeitos com o mundo.” (2018, pp. 53). Os mitos que a sociedade carrega historicamente em seu imaginário coletivo contribuíram para a leitura do cenário político, especialmente referente às diferenças entre as presidências de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O homem – o diurno, de estrutura heroica, que expressa o racional, o maniqueísmo, a excludência, o masculino; a mulher – o noturno, de estrutura mística, que se caracteriza pela conciliação, se refere ao sentimento, ao intuitivo, à união, à intimidade, ao feminino. Quando, em meados do século XIX, com o surgimento da sociedade industrial, a força de trabalho feminino começou a escapar da esfera doméstica, a sociedade burguesa passou ao disciplinar os ritos, e a definição dos significados dos símbolos acabaram por domesticar desejos e destruir sonhos. Em 1975, com as primeiras eleições de sufrágio universal da Assembleia Constituinte, após a queda da ditadura Vargas, dezoito candidatas se apresentaram, não tendo nenhuma delas obtido votação suficiente para se eleger - exatamente por conta do imaginário que tolhe. Na história da política brasileira, a presença feminina é marcada por altos e baixos, sempre enfrentando (insistente e cansativamente) o status quo patriarcal e racista. As mulheres brancas em especial, com os movimentos feministas, conseguiram conquistar novos espaços sociais, ocupando lideranças em áreas tecnológicas, acadêmicas, artísticas, entre tantas outras, que até pouco tempo eram hegemônicas do público masculino. Contudo, como afirma (QUEM MATOU?) Marielle Franco, política e ativista política feminista, negra e lésbica, assassinada em 14 de Março de 2018, em seu escrito:Mulher, negra, favelada e parlamentar: resistir é pleonasmo (ibidem, 2018).
Ao retornarmos aos agentes políticos do PT, na esfera do trabalho no Brasil, o imaginário do poder quanto à divisão de tarefas pelo sexo nos ajuda a compreender a naturalidade com que a desconstrução da ex-presidenta Dilma ocorreu. Do homem é esperado o lugar de liderança, do espaço público; da mulher é esperado o lugar da vigília, do espaço privado, do apoio à liderança do esposo. De Lula (LIVRE), o que cumpriu foi o esperado – na perspectiva de gênero. Porém, à Dilma, o julgamento social – inconsciente e consciente – deste imaginário a colocou em posição de traidora, não adequada, não pertencente. E a maneira agressiva que essa cultura misógina foi expressa pelos políticos (especialmente Eduardo Cunha e Michel Temer) e parcela da sociedade reacionária, superficial e politicamente analfabeta, resultou em um processo não somente injusto, mas ilegítimo.
Além disso, e igualmente perigoso, é que essa estratégia política direitista, contaminada pela misoginia, contém também teor altamente elitista, racista, homofóbico, enfim preconceituoso contra tudo e todos que são diferentes daqueles que historicamente domina (ra)m o cenário político hereditário, branco e patriarcal. A entrada ilegítima de (FORA) Temer à presidência expressa a imagem do reaparecimento de uma velha semente mítica do imaginário brasileiro: homens de pele branca, de idade avançada, oriundos da mesma classe social, se reunindo para ritualizar a volta daqueles que nunca saíram do poder, abrindo novamente espaço para essa ala conservadora da política e da sociedade brasileira. Um governo formado inicialmente somente por homens (a entrada de mulheres ocorreu somente após pressão política-social), a queda do Ministério da Cultura (a tentativa de silenciamento dos setores e sujeitos artísticos, historicamente vanguardistas), a negligência quanto à realidade de desigualdade social crítica do país (o fim das políticas sociais, como o Bolsa Família), os graves cortes nas verbas para a educação, os etnocêntricos e não-laicosprojetos de lei em tramitação, o ganho de força da bancada religiosa no Congresso Nacional..., são todos sintomas altamente preocupantes de uma política autoritária atualmente em vigor no Brasil. Autoritária, e propositalmente alheia à realidade do país como um todo.
Essa política ganha força popular na medida em que a nova direita, como forma de negação aos direitos conquistados especialmente para a parcela mais necessitada do país (a maior, invisível, parcela do país), e afirmação de suas necessidades de posições privilegiadas, simpatiza com e reproduz os discursos da elitepautados na meritocracia, nas ações políticas e de segurança de cunho militar, na equivocada associação entre "socialismo” e “política social”, e outras sociais e políticas noções-umbigo que negligenciam o desenvolvimento da sociedade como um todo, como, por exemplo: investir no problema da desigualdade social para que colateralmente a segurança seja responda aos efeitos. São discursos marcados pela despolitização, na medida em que naturalizam a brutalidade em seus discursos e impulsos, e pelo ódio, na medida em que naturalizam a intolerância a tudo que difere de suas preferências e ideologias.
A disseminação, intensificada nos últimos dois anos, dessa forma de pensar, é particularmente perigosa agora, que estamos à beira das eleições presidenciais no Brasil, que ocorrerão em 07 e 28 de Outubro de 2018. Por conta da fragilidade dessas eleições, enfatizo que abordaremos aqui de maneira superficial o cenário dos debates de hoje, 3 meses pré-eleição,e que há ainda muitos debates a ocorrer e muita leitura crítica a realizar de nossa parte para que a façamos a escolha de um candidato da maneira mais correta possível.
O leque de opções consiste em candidatos (as) em sua maioria ignorantes quanto às necessidades do país, em variados graus:estamos no início de Agosto de 2018, e a candidata Marina Silva, agora do partido Rede Sustentabilidade (REDE), apresenta boa estrutura econômica em sua proposta, planos para políticas sociais que incluem a desigualdade social, as minorias e os ruralistas, mas, além de ter um histórico de contradição entre discurso e ação, apresenta traços de seu evangelismo em pautas polêmicas (e como sempre, importantíssimas) como o aborto, quando utiliza de argumentos religiosos e surpreendentemente ignorantes para manter a criminalização do aborto. Contra o aborto, ela argumenta que “nós não temos que reivindicar que uma pessoa tenha que fazer aborto como método contraceptivo”, negando o fato de que o aborto, uma ação póstuma ao contraceptivo, é uma questão de escolha pessoal da mulher frente à seus desejos pessoais e planejamentos professionais (entre outros).
O candidato Bolsonaro, do Partido Social Cristão (PSC), como agente político representante de tudo que é radicalmente antagônico à política social (e ao PT), não sequer sabe sobre planos econômicos ou de saúde ou de educação social (diz que são seus ministros que pensarão nisso, pois ele mesmo não tem capacidade – e seus discursos políticos contradizem com os discursos de seus candidatos a ministros), quem dirá sobre planos para a parcela perto da miséria da fome e com sede de mas sem perspectiva social. De formação militar, propõe uma base de governo militar de privilégios especiais:seu único apelo, e que conquista grande parcela da população, é quanto à lógica que usa para“pensar” a segurança. Mas sua postura, como outras que se assemelham ao do ultra conversador e supremacista branco Donald Trump, é das mais preocupantes e desumanas: bandido bom é bandido morto –, a política superficial de varredura, ao invés da política social de compreender o problema pela raiz e trata-lo por aí, é característico de Estados autoritários, violentos e retrógados, péssimo para o desenvolvimento de um país.
A disputa se equilibra, esperançosamente, com a candidata Manuela D’ávila, do Partido Comunista doBrasil (PCdoB), e Guilherme Boulos, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Manuela D’ávila, que também sofreu misoginia (em forma de incessante cortes de fala) em sua recente entrevista no programa Roda Viva, propõe um modelo socialista (democrático) de administraçãoadaptado para a realidade do Brasil, em que haja o desenvolvimento de um conjunto de atividades e investimentos públicos para movimentar a economia: de um lado retomar a capacidade de investimento do Estado, e por outro garantir que o Brasil tenha novamente indústria. Quanto ao aborto, ela o debate como um problema de saúde pública que deve ser debatido com a população e, apesar de saber que cada país constrói o seu caminho para esse problema, cita o modelo de projeto do Uruguai como de sucesso.Boulos propõe uma reforma do sistema político-tributário, com realização de plebiscitos populares para participação direta do povo em relação à elaboração de leis, e taxação dos mais ricos para ampliação no investimento público. Defende a busca de igualdade de oportunidades, o que inclui proposta de políticas sociais, e democracia ampla com decisão permanente da população sobre as questões da politica nacional e grandes temas do país. E o que as Jornadas de Junho tem a ver com isso? Elas representam a início de uma mobilização popular que vai às ruas manifestar suas demandas, que compreende na prática o poder de sua voz frente à suas exigências e necessidades, e que não acreditam nas instituições políticas que não consultam sua própria população.
Os protestos, iniciados pelo Movimento do Passe Livre (MBL), inicialmente reivindicavam a revogação do aumento de 20 centavos nas tarifas de ônibus, que paulatinamente crescia em desproporção à entrada de renda da maioria dos usuários do transporte público, chegando, em 2013, à R$ 3,20 em São Paulo e R$ 2,80 em Campina Grande. após duas semanas de passeatas, os governos de São Paulo e outras cidades recuaram e anunciaram a redução do valor das tarifas, mas líderes dos manifestantes disseram que continuariam nas ruas, reivindicando mais qualidade no transporte público. O movimento se espalhou pelo país, onde manifestantes passaram a também reivindicar melhoria na educação e saúde e se mostrar contra os gastos para a preparação da Copa do Mundo de 2014, a PEC 37 (proposta de emenda à Constituição que limita os poderes de investigação do Ministério Público) e a corrupção.
Em Junho, houve a chamada nacional “O Brasil Acordou”, que expressava o despertar social e político, de reivindicação, da população quanto às injustiças cometidas contra ela. A articulação dos movimentos se deu principalmente pelas redes sociais; os convites para a grande passeata de Junho, às ruas foram feitos por eventos criados no Facebook, nos quais aderiram milhares e milhares pessoas no país inteiro (acredito que alcançou 1 milhão de confirmações virtuais, mas as estatísticas das ruas foram impossíveis de registrar).
Em 20 de Junho de 2013, em Campina Grande, eu e minhas companheiras e companheiros de luta, da universidade, da vida, da militância, fomos às ruas com nossos cartazes indignados que levavam as chamadas “SOU ESTUDANTE LISO [sem dinheiro] – PASSE LIVRE”, “BOI BOIBOI, BOI DA CARA PRETA, BAIXEM AS PASSAGENS OU PULAMOS A ROLETA!”, “SÃO JOSÉ: NÃO ESQUECEMOS DE VOCÊ!!! QUEREMOS ÔNIBUS DE QUALIDADE”, “FELICIANO: SOU GAY, CASADO, FEMINISTA E VEGETARIANO! SE SOU DOENTE É DE AMOR, E SINCERAMENTE NÃO QUERO CURA” e, naturalmente, “ACORDAMOS, BRASIL”.
Subimos e descemos ladeiras caminhando, junto a muita, muita gente. Dois meses depois, registrei em papel de desenho o momento em que andávamos em uma larga rua próxima ao Terminal de Integração da cidade, em que se via crianças, homens, mulheres e idosos, todos, caminhando juntos à parada final, no Açude Velho. Dois momentos me marcaram como imagens congeladas e guardadas para sempre - fotografias mentais: este, em que um clima de solidariedade, justiça e alegria pairava no ar e dirigiam nossos passos (passos de raiva também, com alguns esporádicos e lindos gritos de desabafo em meio à ação popular); e outro, na chegada ao Açude Velho, em que um trio elétrico nos esperava, ampliandofalas vindas de alto falantes – muito usado em manifestações– e, como encerramento, o toque do Hino Nacional.
Esse foi o momento de mais emoção da passeata inteira: militantes, simpatizantes, observadores, todos cantaram em coro o Hino do início ao fim, eu inclusa, que estava começando a entender o poder simbólico de ações sociais e políticas, e a importância da crítica ao patriotismo. Então por que cantei o Hino? Enquanto cantava, algo me incomodava, mas olhava para os lados, e a emoção dominava, a força do coro de vozes era algo para além do orgulho à pátria Brasil: era orgulho à nós, à nossa própria pátria, à pátria popular. Ao fim da canção, porém, o sentimento de incômodo aumentou, e me questionei se o poder simbólico do Hino Nacional poderia estar dando margem a discursos patriotas e a lógicasmaternalistas (estávamos falando com a Dilma, na época) – e a revolucionária em mim se preocupou com aquilo. Autocrítica é fundamental...
"20 DE JUNHO, 2013. CAMPINA GRANDE"
Diferente das manifestações de 2016, como a de 15 de Março, que aparentava ter teor anti-corrupção política (mas nesta, toda a crítica estava no PT e, de maneira grotescamente misógina, na Dilma) e que foimarcada pela participação da classe média-que-era-alta-mas-agora-é-média-mesmoque apresentavam discursos elitistas (que, em realidade, não atendiam a suas necessidades, mas sim daquelas classes sociais acima delas), debates não politizados, sem argumentos, nem proposições - apenas ódio - as manifestações de meados de 2013 foram marcadas pela chance do país em aprofundar a democracia, permitindo que cidadãos participassem de decisões importantes que afetassem suas vidas – aprofundar suas necessárias reformas, de maneira relativamente organizada politica e socialmente. Estas manifestações contaram com a participação das parcelas estudantis da sociedade, estudantes de segundo grau, universitários e docentes universitários, que estavam, em sua maioria, cotidianamente acompanhando e refletindo sobre as tomadas políticas do governo, construindo propostas entre si e com a sociedade (nas ruas, escolas e também redes sociais), fazendo críticas à ausência de seus direitos, e se agrupando a coletivos e movimentos estudantis que agregavam forças políticas autônomas (forças populares). Junto a essa parcela, que se constituía de classes médias e baixas (a ralé, como classifica Jessé de Souza), havia também a participação dos trabalhadores, diversos em suas profissões, que buscavam maior igualdade social, principalmente por via de menor taxação de impostos.
Porém, como afirma a socióloga Ângela Alonso, “Junho de 2013 é um mês que não acabou”: diz que “o que estamos assistindo desde 2013 são tentativas de estabilização que logo se mostram equivocadas. Até a eleição não teremos esse processo encerrado, e é difícil saber se em algum momento ele será". Indicando que as manifestações de 2013 desencadearam uma crise, não aguda, mas que se estende até hoje, em que os atores envolvidos se movimentam numa volatilidade instável, a socióloga aponta que, embora conquistada a baixa da tarifa em 2013, as tarifas continuaram a subir depois – hoje sendo um alarmante valor de R$ 4,00 em São Paulo e R$ 3,30 em Campina Grande. Nossa maior vitória de 2013, portanto, e que também se estende até hoje, é que comprovamos que a participação popular política é real, possível e de efeito - pelo menos imediato -, e que qualquer cidadã ou cidadão do país tem esse poder em mãos, em marcha de protesto.
Júlia Fregni Lins - Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Federal de Campina Grande.
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