Na próxima sexta (17) será realizado um ato contra o encerramento das atividades da subsidiária Araucária Nitrogenados S/A (ANSA/FAFEN – PR). Subordinada à Petrobrás e localizada em Araucária, região metropolitana de Curitiba, a fábrica de fertilizantes fechará depois de algumas tentativas de venda. O ato será realizado a partir das 07:00 da manhã, em frente à propriedade.
Participarão do ato petroleiros de todas as unidades da Petrobrás do Paraná, além de diversas categorias e representantes das centrais sindicais e movimentos sociais do estado. Também haverá manifestações nacionalmente e já há atos confirmados no Amazonas (Reman), no Rio Grande do Norte (Polo Guamaré), em Pernambuco (Refinaria Abreu e Lima e Terminal de Suape), na Bahia (Ediba), no Espírito Santo (Terminal de Vitória/Tavit), em Duque de Caxias (Reduc), em Minas Gerais (Regap), em São Paulo (Replan e Recap) e no Rio Grande do Sul (Refap).
A hibernação da estrutura quebra, segundo a FUP e a CUT, acordo entre a Petrobrás e o Ministério do Trabalho. Segundo Caio Rocha, diretor do Sindiquímica PR, o acordo coletivo foi tratado de modo que não haveria demissões em massa antes da negociação de um plano de demissão com as entidades sindicais. Para estas e outras entidades sindicais envolvidas, a quebra do acordo denota uma decisão de caráter unilateral. De fato, de acordo com a FUP, os trabalhadores ficaram sabendo da desativação da fábrica pela imprensa.
O encerramento das atividades da subsidiária foi aprovado na última terça (14) por que, segundo a Petrobrás, os resultados da ANSA demonstram prejuízo de R$ 250 milhões no período que vai de janeiro a setembro de 2019 e, para o fim do ano, a previsão da despesa seria de R$ 400 milhões. A ANSA é a única empresa do país que opera com matéria prima de resíduo asfáltico, que teria sofrido aumento de preço, sendo um dos motivos apresentados pela estatal para a venda da empresa.
Em reunião para articulação de ações para barrar o prejuízo dos trabalhadores e suas famílias, realizada na tarde da última quarta (15) em que estiveram presentes os diretores do SINDIEDUTEC Adnilra Sandeski e Nilton Brandão, os funcionários ligados à estatal direta ou indiretamente, colocam que um dos principais motivos do aumento dos preços da matéria prima é a cotação que a própria empresa coloca, já que a produção de fertilizantes depende de resíduos que ela mesma descarta.
Perda de soberania
O impacto econômico local também deve perder bastante se a fábrica for mesmo desativada. A folha de pagamento dos trabalhadores diretos e indiretos da subsidiária é de aproximadamente R$ 10 milhões. Com a fábrica inativa, o município perderá a circulação desse montante na economia local. São cerca de 1000 famílias diretamente afetadas, segundo informe do Sindiquímica PR emitido nesta quarta (15).
Segundo a organização do ato desta sexta, o primeiro objetivo é manter a fábrica aberta. A segunda opção seria a realocação dos trabalhadores da FAFEN, tal como aconteceu com as produtoras de fertilizantes em Sergipe e Bahia, que tiveram suas atividades encerradas e foram arrendadas em 2019.
Entretanto, a estatal afirma que não será possível que a transferência seja feita pois, enquanto subsidiária da Petrobrás, a FAFEN PR possui autonomia estatutária e pessoa jurídica própria e distinta. A unidade do Paraná é capaz de produzir 1,9 mil toneladas de ureia por dia (700 mil toneladas por ano), enquanto a unidade da Bahia produz 1,3 mil toneladas e a de Sergipe gera 1,3 toneladas em um dia.
A venda das unidades da subsidiária pelo país, pode ser grave perda de autonomia na produção de fertilizantes e acarreta a importação do produto para uso em escala industrial. Em um país que é hoje uma potência agrícola como o Brasil, este é um ponto importante a ser considerado pensando no impacto que isso pode causar na mesa do consumidor. É o que diz o diretor da FUP, Deyvid Bacelar “O país coloca em risco sua segurança e soberania alimentar. As fábricas de fertilizantes serviam como lastro para agroindústria escolher onde comprar”,declara.
Comitê unificado
Foi formado, durante a reunião da última quarta, um comitê unificado em solidariedade às famílias dos trabalhadores que serão atingidos pela demissão em massa imposta pela Petrobrás. Segundo Nilton Brandão, tesoureiro do SINDIEDUTEC que esteve presente na ocasião, o objetivo é articular ações que denunciem também o sucateamento pelo qual passa estatal, além do grave impacto local. “Cerca de 25% da arrecadação do município de Araucária vem da FAFEN”, explica.
Para chamar atenção permanente, um comitê se instalará em frente à prefeitura de Araucária. Dirigente estadual do MST, Roberto Baggio, também esteve presente na reunião de organização do ato e do comitê e reforça a importância de mobilizações em reação aos ataques do atual governo. “Ainda restam 3 anos desse governo e eles têm unidade política pra implementar o projeto deles. Temos que mostrar o grande impacto do fechamento dessa empresa no [âmbito] municipal de Araucária envolvendo todos os impactos no social do município, comércio, escolas, mercados, saúde e todo o resto.”, pontua.
SERVIÇO
Ato contra o fechamento da ANSA/FAFEN PR. 17/01, sexta-feira às 07:00 R. Dr. Eli Volpato, 999 - Tindiquera, Araucária
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